ETF Brasileiro vs. ETF Internacional: Onde Investir Agora?

ETF Brasileiro vs. ETF Internacional: Onde Investir Agora?

A ascensão dos ETFs é inegável. Com a evolução dos mercados globais, investidores de todos os perfis buscam instrumentos que unam praticidade, diversificação e custos reduzidos. No Brasil, o segmento ainda engatinha comparado ao gigante americano, mas apresenta oportunidades únicas.

Neste artigo, vamos explorar as principais diferenças entre o ETF brasileiro e o ETF internacional dos Estados Unidos, apresentando dados, estratégias e dicas para ajudá-lo a escolher a melhor alternativa para seu portfólio.

O Panorama Global e o Potencial Brasileiro

O mercado de ETFs nos EUA soma atualmente mais de 3 mil ETFs dos EUA e ultrapassa US$ 7 trilhões em ativos sob gestão. Em contraste, a B3 abriga cerca de 98 a 100 ETFs, com patrimônio total próximo a R$ 45 bilhões, representando menos de 1% do mercado global.

Esse cenário evidencia um potencial de crescimento local impressionante. À medida que mais investidores conhecem essa classe de ativos, a expectativa é de aumento no número de ETFs brasileiros e na atração de capital doméstico.

Facilidade de Acesso e Liquidez

Investir em ETFs no Brasil é simples: basta abrir conta em corretora local e aplicar em reais, sem necessidade de remessa ao exterior. Já os ETFs americanos exigem conta em corretora internacional e operações de câmbio, embora plataformas como Avenue facilitem esse processo.

A liquidez americana é significativamente superior. Por exemplo, o ETF IVV, que também replica o S&P 500, negociou cerca de R$ 18 milhões em um único dia, enquanto seu equivalente brasileiro, o IVVB11, movimentou R$ 12 milhões. Ainda assim, para a maioria dos investidores de varejo, a liquidez da B3 é facilidade para investidores no Brasil suficiente.

Custos e Tributação: Pontos de Atenção

As taxas de administração refletem a maturidade do mercado. Nos EUA, a alta concorrência resulta em taxas de administração competitivas nos EUA, muitas vezes abaixo de 0,1% ao ano. No Brasil, as taxas variam entre 0,2% e 0,5%, dependendo do ETF.

Na tributação, existem diferenças significativas:

  • Dividendos americanos: são pagos diretamente ao investidor, mas sofrem 30% de imposto de renda retido na fonte para não residentes.
  • Dividendos brasileiros: nos ETFs nacionais, costumam ser reinvestidos automaticamente, sem distribuição direta ao cotista.

Quanto ao imposto sobre ganho de capital, no Brasil a alíquota é de 15% sem isenção para vendas mensais até R$ 20 mil (diferente das ações). Já investimentos diretos nos EUA exigem apuração no imposto de renda brasileiro, sem isenção para estrangeiros e com necessidade de declaração adequada.

Adicionalmente, a remessa de recursos para fora gera custos de câmbio e tarifas bancárias, que podem impactar aplicações de menor valor.

Diversificação, Risco Cambial e Segurança

Um dos grandes atrativos dos ETFs americanos é a variedade de ativos disponíveis, desde setores específicos, com modas temáticas, até commodities e criptoativos. Essa diversificação global com proteção cambial pode equilibrar carteiras e reduzir a volatilidade local.

No entanto, investir no exterior expõe o investidor ao risco cambial. Se o dólar se valorizar, o retorno em reais aumenta, mas o efeito contrário também pode ocorrer. Os ETFs brasileiros que replicam índices estrangeiros, como o IVVB11, trazem esse mesmo risco cambial embutido.

Em termos de segurança, o investidor de ETFs nacionais conta com regulação nacional com segurança jurídica da CVM e da B3. Já na Bolsa americana, a proteção é oferecida pela SEC, mas demanda atenção às obrigações fiscais e regulamentares.

Exemplos Práticos e Comparativo de Volume

A tabela abaixo ilustra os principais ETFs e seus volumes diários aproximados:

Esses números mostram que, apesar do domínio americano, os ETFs brasileiros oferecem liquidez relevante para a maioria dos investidores de varejo.

Estratégias e Perfis de Investidor

A escolha entre ETFs brasileiros e internacionais deve considerar seu perfil, objetivos e tolerância a riscos. Veja abaixo algumas estratégias comuns:

  • Iniciantes: preferem ETFs locais pela facilidade para investidores no Brasil e regulamentação familiar.
  • Investidores moderados: diversificam entre BOVA11 e IVVB11 para juntar exposição nacional e internacional.
  • Investidores avançados: criam carteira global usando corretoras internacionais e escolhem ETFs setoriais ou temáticos dos EUA.

Além disso, perfis focados em renda podem priorizar ETFs de renda fixa, como IMA-B ou agregados de crédito nos EUA, enquanto quem busca crescimento se volta a ações de tecnologia ou mercados emergentes.

Considerações Finais

A decisão entre investir em ETFs brasileiros ou internacionais envolve múltiplos fatores: custos, tributação, liquidez, diversidade e segurança regulatória. Não existe escolha universal, mas sim o melhor caminho de acordo com seus objetivos.

Para quem valoriza praticidade e prefere evitar burocracias cambiais, os ETFs locais são ideais. Para quem busca a maior variedade de ativos e taxas reduzidas, o mercado americano oferece oportunidades únicas.

Em última análise, exposição direta a ativos internacionais pode complementar e fortalecer seu portfólio, desde que aliado a um planejamento sólido e análise de risco.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes, 36 anos, é colaborador no sudoestesp.com.br, onde escreve sobre consumo consciente, crédito pessoal e alternativas de renda.