Congresso Aprova Novo Modelo de Tributação para Investidores

Congresso Aprova Novo Modelo de Tributação para Investidores

As mudanças aprovadas pelo Congresso prometem redesenhar profundamente o cenário de investimentos no Brasil, exigindo adaptação e planejamento.

Substituição de tributos sobre consumo

Uma das bases dessa reforma foi a extinção de cinco tributos tradicionais, criando em seu lugar novos instrumentos pensados para simplificar a arrecadação e reduzir distorções regionais.

  • PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS são extintos;
  • Surge a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS);
  • Institui-se o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS);
  • Cria-se o Imposto Seletivo (IS) sobre itens prejudiciais à saúde e ao ambiente.

Em vigor a partir de 2026, estima-se que 94 milhões de brasileiros receberão de volta parte dos impostos, por meio de sistemas de cashback que buscam tornar a cobrança menos regressiva.

Exclusões e regimes especiais

Para suavizar o impacto, alguns setores ficaram de fora dessa cobrança ou ganharam tratamento diferenciado:

  • Condomínios e autônomos com faturamento anual até R$ 40,5 mil;
  • Regime setorial para serviços financeiros, incluindo bancos, câmbio e fundos de investimento;
  • Isenções para fundos patrimoniais, mesmo após ajustes e vetos presidenciais.

Essas medidas visam oferecer regimes específicos para serviços financeiros sem comprometer a arrecadação nem a competitividade do setor.

Tributação de dividendos: alíquotas e limites

Até então, os dividendos pagos por empresas brasileiras eram imunes ao Imposto de Renda na pessoa física.

Com a reforma, passa a valer:

O Projeto de Lei Complementar 1.087/25 ainda finaliza detalhes, mas já se confirma tributação de dividendos na pessoa física para faixas superiores. Estrangeiros podem passar a pagar imposto, o que acende alertas sobre a atratividade do mercado nacional.

Mecanismos de compensação e imposto mínimo

Para evitar bitributação, foi criado um imposto mínimo para evitar bitributação que permite ao investidor abater o IR pago pela empresa até um teto:

Se a pessoa jurídica já recolheu Imposto de Renda e CSLL equivalentes a 34% (empresas não financeiras) ou 45% (financeiras), o investidor não precisará complementar alíquota. Caso contrário, será cobrada apenas a diferença.

Esse mecanismo busca equilibrar arrecadação e incentivo ao fluxo de recursos, promovendo maior previsibilidade no planejamento.

Impactos para investidores e mercado de capitais

As novas regras estão prestes a alterar profundamente a forma como carteiras são montadas e as escolhas de alocação de ativos:

  • Migração para fundos imobiliários e renda fixa, com menor incidência;
  • Aumento do interesse em empresas com políticas claras de reinvestimento e eficiência fiscal;
  • Busca por alternativas como juros sobre capital próprio, pró-labore e retenção de lucros.

Alguns investidores devem estruturar holdings familiares ou patrimoniais para otimizar a carga tributária, enquanto outros monitorarão de perto competitividade do mercado de capitais em comparação com mercados estrangeiros.

Cronograma e próximos passos

O processo de implementação terá várias fases até a vigência plena em 2026:

Primeiro, publicação de decretos regulamentares definirá detalhes sobre alíquotas, bases de cálculo e procedimentos de cobrança. Em seguida, o Ministério da Economia e a Receita Federal deverão ajustar sistemas eletrônicos e orientar contribuintes.

Entidades de classe e sindicatos acompanham debates sobre possíveis vetos e novas emendas, especialmente no que se refere aos regimes setoriais e à tributação de estruturas de fundos.

Reflexões e caminhos para investidores

Embora o novo modelo represente um desafio, ele também cria oportunidades para planejamento estratégico mais sofisticado. Alguns passos práticos:

  • Revisar alocação de ativos procurando título com menor carga tributária;
  • Considerar estruturas de fundos e holdings como instrumentos de mitigação;
  • Manter diálogo constante com consultores tributários e contábeis;
  • Acompanhar regulamentações complementares para ajustar estratégias em tempo real.

No fim, a capacidade de adaptação e a busca por inovação em planejamento fiscal serão determinantes para que investidores individuais e institucionais prosperem nesse novo ambiente.

Com clareza sobre prazos e regras, é possível transformar desafios em vantagens, protegendo o patrimônio e garantindo retornos mais eficientes.

Maryella Faratro

Sobre o Autor: Maryella Faratro

Matheus Moraes